Uma longa Caminhada

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O Início de uma Longa Caminhada

Quando na consulta dos 3 anos frisei o atraso na linguagem do meu filho do meio ao nosso médico de família, nunca imaginei que um ano mais tarde iria sair o diagnóstico de autismo. Para superar este atraso deu entrada no Jardim de Infância (JI) da Misericórdia de São Pedro do Sul – no privado pois no público não o aceitavam com fralda (é claro se na altura já fosse diagnosticado o autismo, aceitavam-no no âmbito da escola pública inclusiva) – e é aí que louvo a atenção permanente da educadora e directora que foram as primeiras a “adivinhar” o que se passava com ele.

Para nós, pais, era o nosso filho com a sua personalidade mas tínhamos de enfrentar a realidade. Tinha ficado combinado na consulta dos 3 anos que se a entrada na escolinha não desse melhoras então iríamos entrar em contacto com a terapeuta da fala passado 6 meses. Não esperámos tanto tempo perante, repito, a insistência da educadora e da directora do JI. Começou pela terapia da fala enquanto se esperava a consulta de desenvolvimento no hospital de Viseu e realizou uma série de exames, entre eles, auditivo em que o técnico revelou que ele tinha um défice, para mim estava aí tudo explicado mas o otorrino concluiu que não era significativo ou seja o problema era outro. Nem na consulta de desenvolvimento no hospital ficamos a saber oficialmente o que se passava afinal com ele, teve alta! Imaginam, e quem é pai ou mãe sabe o que isto é, o que nós sentimos com estes avanços e recuos deste tipo “Ouve mal” e “O seu filho não tem nada mãe”, e temos de deixar de ser pais galinhas e ver sim a realidade com a ajuda de quem acompanha o nosso filho. Mais uma vez a educadora, e não será por acaso pois já foi voluntária nas férias de Verão organizadas pela APPDA-Viseu, foi incisiva com o aval da Terapeuta da Fala em virarmo-nos para um especialista, o Dr. Paulo Santos. E aí ficámos fixados, há um ano. AUTISMO.

Foi chocante porque para mim, ia ser muito grave no relacionamento com os outros, com a sociedade que é tantas vezes apelidada de, vejam a ironia, autista! A nossa sorte, é existir a APPDA-Viseu e o Departamento de Psiquiatria Infantil que até à data e mesmo depois de sermos recebidos pela equipa de Coimbra, são os únicos que deram imediatamente ao Bernardo oportunidades de recuperação na Terapia Ocupacional e Musicoterapia, o resto fazemos todos nós que amamos o Bernardo tal como ele é e isto também reflecte-se nele sem dúvidas positivamente como em qualquer ser humano.

Por Elisabete Fernandes (Mãe de criança autista, 5 anos)


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